E também é certo, segundo Marie-France Hirigoyen, que “toda pessoa em crise pode ser levada a utilizar mecanismos perversos para defender-se[...]". Neste caso, ela foi simplesmente uma “má pessoa” em um certo momento.
O sujeito perverso, ao contrário, tem esses comportamentos como estratégia de utilização, e depois de destruição do outro, sem a menor culpa.
São psicóticos sem sintomas, que encontram seu equilíbrio descarregando no outro a dor que não sentem e as contradições internas que se recusam a perceber. Sentem-se impotentes diante da solidão, por isso agarram-se à outra pessoa, como verdadeira sanguessuga.
Na opinião do prof. Zeno Simm, o acossador é “um psicopata agressivo e perigoso, cuja segurança e autoestima se nutre do dano e da humilhação que pode ocasionar aos outros, decorrendo, ainda, satisfação emocional do processo”.
O acossador geralmente tem um senso grandioso da própria importância, é absorvido por fantasias de sucesso ilimitado de poder, acredita ser especial e único. Todos lhes devem algo. Precisa ser admirado. Age como um vampiro. Jamais é responsável por algo, jamais culpado: tudo que acontece de mau é sempre culpa dos outros”. Vazios e irresponsáveis. Nunca estão onde se os espera, por isso nunca são apanhados. Escondem-se e jogam seus erros e limitações nos outros dos quais fala mal e os faz passar por “ruins”.
Heinz Leymann classifica o acossador como “um assassino em série que amedontra suas vítimas até eliminar todo o indício de dignidade das mesmas”, mas que “não está louco, é um indivíduo sensato, racional e muito inteligente que se diferencia de outras pessoas por alguns fortes traços de personalidade como impulsividade, irresponsabilidade, egocentrismo e falta de empatia”.
Não experimentam qualquer escrúpulo de ordem moral. Bons em fazer política na organização e hábeis em decisões difíceis e criar polêmicas. E por serem destrutivos, são inseguros quanto à sua competência profissional e podem, às vezes, mostrarem-se paranóicos. Tem dificuldade de admitir críticas, aparentando hipersensibilidade, dando “chiliques” exagerados, com intuito de supervaloriizar seu trabalho.
Ambiciosos e invejosos, esses indivíduos procuram aproveitar-se do trabalho alheio, sugando energias e realizações de outros para montarem uma pseudoimagem de si próprios: verdadeiros “salvadores da pátria”, os “guardiões das organizações” e não toleram o sucesso de seus subordinados (muito embora mostrem falsa satisfação), não titubeando em “puxar-lhes o tapete”, ou seja, enfraquecê-las ou eliminá-las da organização.
Em resumo, pessoas que se sentem ameaçadas e que não tem grandes princípios, com fragilidade de caráter, aliados a um ambiente contaminado, podem tornar-se acossadoras. Elas dão o que têm de pior.