sábado, 3 de julho de 2010

AULA 6 - PROF. EDMILSON - RESENHA SHELDRAKE (ABR/2010)

RECENSÃO CRÍTICA
 Rossana Cristine Floriano Jost[1]
I.             Identificação da obra
SHELDRAKE, Rupert. Sete Experimentos que podem mudar o mundo. 9ª edição. São Paulo: Cultrix, 2003. 208 páginas.
II.            Credenciais do autor[2]
Rupert Sheldrake nasceu em 1942, é biólogo e autor de mais de 80 artigos científicos e 10 livros.
Ex-pesquisador titular da Royal Society[3], estudou ciência natural na Universidade de Cambridge, mais tarde PHD em Bioquímica, onde se tornou Diretor dos Deptos de Bioquímica e Biologia Celular.
Bolsista do Clare College, momento em que recebeu o Prêmio Universidade de Botânica. Estudou Filosofia e História da Ciência em Harvard.
Durante um ano estudou as plantas da floresta tropical, no Departamento de Botânica da Universidade de Malaya, Kuala Lumpur (Malásia). De 1974 a 1985 trabalhou na International Crops Research Institute for Semi-Arid Tropics (ICRISAT), em Hyderabad (Índia), onde foi fisiologista vegetal.  
Na Índia, também viveu por um ano e meio no ashram[4] do Padre Bede Griffiths, no estado de Tamil Nadu, onde escreveu seu primeiro livro: A Nova Ciência da Vida.
Atualmente é diretor do Perrott-Warrick Project em Cambridge (Inglaterra), que estuda as inexplicáveis habilidades humanas e animais; e também membro do Institute of Noetic[5] Sciences[6] na Califórnia (EUA). Professor visitante e Diretor Acadêmico do Programa de Pensamento Holístico do Instituto de Pós-Graduação Holístico em Connecticut (EUA). Vive em Londres com esposa e dois filhos.
III.           Quadro de referência do autor
São muitas as referências que Sheldrake utiliza nesta obra. Cita Descartes e sua filosofia mecanicista (dentro deste mesmo contexto, Guilherme de Occam); Karl Popper na contramão de Descartes; menciona as pesquisas sobre comportamento animal, de James Serpell, apontando também Charles Darwin, J.J.Murphy, S.Exner; os parapsicólogos “nada ortodoxos”, J.B.Rhine e J.G.Pratt, cujas teorias foram imediatamente refutadas por G.V.T.Matthews; segue com o sociobiólogo Edward O. Wilson e Michael Faraday que introduziu o termo “campo”, na ciência.
Menciona Einstein, obviamente, e sua teoria da relatividade, bem com Günther Becker e o conceito de “biocampo” (em conjunto com Eugène Marais); também dialoga com Piaget, citando seu estudo do desenvolvimento mental das crianças européias, seguido de Freud e Jung.
Aborda Renée Haynes, pesquisadora britânica de fenômenos psíquicos e Sirs Francis Bacon e Wallis Budge com suas reflexões científicas sobre a inveja e o “olho gordo”.
Apresenta as pesquisas do psicólogo científico Titchener e do seu seguidor Coover, sobre a sensação do indivíduo estar sendo observado. Também cita as experiências extracorpóreas de Robert Monroe e as reflexões sobre “descobertas científicas enganosas” e a “má-fé na comunicação científica”, de Peter Medawar.
Quanto às “ilusões científicas”, cita Stephen JayGould e sua denúncia sobre o preconceito científico e as questões de “fraude e auto-engano” no exemplo da polêmica envolvendo Robert Millikan e Félix Ehrenfeld, sem esquecer o próprio Sir Isaac Newton cujo trabalho apresentava resultados sempre exatos, não esquecendo as denúncias de Willian Broad e Nicholas Wade, neste mesmo contexto.
Aborda as “constantes fundamentais” e sua variabilidade, destacando Birge e os fundadores da ciência moderna: Copérnico, Galileu, Kepler, Descartes e Newton, bem como os físicos Henri Laplace, Heinz Pagels, Arthur Eddington, Paul Dirac e o filósofo Alfred Noth Whitehead.
Finalizando, Sheldrake apresenta fatos de experiências que ilustram as questões que evidenciam que as expectativas do experimentador podem afetar os resultados, citando Robert Rosenthal, Armand Trousseau, J.B.Rhine e o físico David Bohn.
IV.          Pressupostos e resumo da obra
O livro trata da proposição, pelo autor, de sete experimentos que podem mudar nossa visão de realidade, bem como revelar muito mais a respeito do mundo e do que a ciência é capaz de explicar.
Trata-se de um modo mais aberto de fazer ciência, menos conservador e limitado por paradigmas convencionais, os quais lidam com problemas básicos como tabus ou anomalias que simplesmente não “se enquadram”.
Sheldrake valoriza o folclore e as crenças populares, bem como acredita e respeita os poderes misteriosos dos animais. Por exemplo: seu senso de direção, quando migram ou quando regressam ao lar (pombos-correio), processo ainda não explicado pela ciência ortodoxa. Igualmente as conexões invisíveis entre animais de estimação e seus donos ou entre os cupins no interior de uma colônia.
O autor admite que isso pode constituir fenômenos sem nada em comum. Apesar de tudo, propõe a idéia da existência de um novo tipo de conexão, capaz de atuar à distância e que liga entre si as partes separadas de um sistema orgânico: os campos mórficos[7].
Outro ponto importante colocado por Sheldrake é uma nova compreensão entre relacionamento com nosso próprio corpo e o mundo que nos cerca, eliminando a separação convencional da dualidade “mente e corpo” ou “sujeito e objeto”, com implicações psicológicas, médicas, culturais e filosóficas. Assim, outras dimensões da consciência passam a ser objeto de experiência pessoal, como, por exemplo, a mente expandida para além do cérebro e suas atividades interpretativas.
Nesta mesma linha, o caso dos “membros fantasmas” os quais supõem que os campos morfogenéticos contém uma memória inerente, originada no passado da pessoa e uma memória coletiva de um número incalculável de pessoas que já tiveram esta vívida experiência.
É a “alma que permeia o corpo”. Isso significa que o corpo não-material constitui um aspecto da psique ou alma e, normalmente, anima o corpo físico. Os membros fantasmas são, pois aspectos da alma ou psique e possuem realidade psíquica e não material. Eles podem estender-se para além do corpo e projetar-se no coto[8].
Na parte III, Sheldrake apresenta sua crítica aos materialistas, racionalistas e todos os que “advogam o primado da ciência sobre a religião, a sabedoria tradicional e as artes” e a respectiva visão de objetividade, na “intrépida busca da verdade”. Reflete sobre a objetividade absoluta a qual afirma ser do conhecimento de todos, sua tendência em  exprimir mais um ideal que o reflexo da realidade.
Aponta as fraudes dos cientistas, seus auto-enganos, o crivo dos colegas e sua própria reprodução. Eles impedem que agentes externos regulem suas condutas. Orgulham-se de seus sistemas de controle.
O autor finaliza a obra com dois pontos não menos importantes que os demais: o primeiro trata da variabilidade das constantes fundamentais, sua flutuação e a refutabilidade da doutrina de uniformidade que não permite que os cientistas aceitem o inesperado ou propriamente as irregularidades da natureza; o segundo ponto aborda a preponderância das “expectativas dos experimentadores sobre seus próprios experimentos”, momento em que pode acontecer influências paranormais, ainda passíveis de estudo.
No geral, o livro aponta uma nova fase de evolução científica que permite investigações pioneiras realizadas por não-cientistas, utilizando tecnologia, bem como aborda a idéia de que os experimentos propostos no livro custam bem pouco; alguns, praticamente nada. No entanto, Sheldrake admite não poder prever os resultados dos experimentos nele relatados, mas tem convicção de que alguns deles revelarão dados muito interessantes. Ele acredita que a humanidade esteja nos “umbrais de uma nova era da ciência”, com novo vigor, maior flexibilidade na teoria e uma excitante perspectiva prática.
V.           Metodologia do autor
O autor, além de se valer de obras de inúmeros cientistas[9], pratica os experimentos que sugere, um a um, documentando-os passo a passo, bem como convida o leitor a fazê-lo, sobretudo mostrando preocupação com sua viabilidade econômica e social.
VI.          Conclusão do autor
O autor estuda, com naturalidade, os fenômenos rechaçados pela ortodoxia científica, recusando-se a permitir que o dogmatismo nela inerente desencoraje essa pesquisa.
Ele convida o leitor a acompanhá-lo em sua jornada de descobertas, tendo o cuidado de não oferecer um saber preconcebido ou respostas fáceis, mas o estímulo a explorar o desconhecido, muitas vezes tido como “tabu” para a comunidade científica convencional, criando uma “nova ciência”.
VII.        Quadro de referências do resenhista
Descartes, Popper, Kuhn, Goswami.

VIII.       Crítica e comentários do resenhista
Identifiquei-me sobremaneira com a leitura de Sheldrake, uma vez que compactuo com esse movimento no sentido de romper com a visão mecanicista e cartesiana do pensamento científico atual, sustentáculo desses discursos coloquiais.
Entendo, aceito e acredito na introdução da filosofia na ciência. Há de se buscar respostas para pontos nunca dantes refletidos e igualmente não explicados pela ciência tradicional. Esse pode ser um caminho.
Por exemplo: o autor busca esclarecimento para processos como o da interação entre consciências. O tema é sutil, sem dúvida, e talvez intangível para olhos tradicionais.
Ele comenta que a própria imagem da ciência é discutida poucas vezes de forma explícita pelos próprios cientistas, os quais postulam veladamente, a “defesa do método científico, como a única forma de testar experimentos não contaminados por suas próprias expectativas, estando totalmente envolvidos numa ambiciosa busca da verdade”. Verdades estas que, algumas vezes, não são exatamente suas.
Apesar disso, Sheldrake consegue perceber seriedade e comprometimento em determinados cientistas ortodoxos, no entanto rechaça os “servos dos interesses comerciais e militares”.
Entende que os cientistas também fazem parte de sistemas sociais e podem sofrer das mesmas mazelas (pressões, assédio, medo da demissão ou do descredenciamento, corte na verba de pesquisa, etc.) da humanidade como um todo.
Portanto, que saiam de seus pedestais e incorporarem-se ao mundo de todos, como cidadãos e, sobretudo, como receptores de um aprendizado que pode “mudar os próprios métodos educacionais levando a uma notável aceleração do seu próprio aprendizado”[10].
IX.          Indicações da obra
A todos que acreditam que a ciência não se fecha em seus limites e que há algo a mais para investigar: muitas perguntas para poucas respostas.


[1] Pedagoga com especialização em Psicologia do Trabalho (UFPR) e MBA em Marketing (IBMEC); Mestranda da FAE. rossanaflor@gmail.com.
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[2] Fonte: www.sheldrake.org/About/biography/
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[3] Royal Society é uma academia nacional de ciências do Reino Unido. Fonte: royalsociety.org.
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[4] Eremitério hindu onde os sábios viviam em paz e tranquilidade no meio da Natureza. Hoje, o termo ashram é normalmente usado para designar uma comunidade formada intencionalmente com o intuito de promover a evolução espiritual dos seus membros, frequentemente orientado por um místico ou líder religioso. Fonte: Wikipedia.
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[5] A noética (do grego nous: mente) é uma disciplina que estuda os fenômenos subjetivos da consciência, da mente, do espírito e da vida a partir do ponto de vista da ciência.Como conceito filosófico, em linhas gerais define a dimensão espiritual do homem. Fonte: Wikipédia.
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[6] Organização sem fins lucrativos que desenvolve e patrocina pesquisas de ponta para as potencialidades e competências da consciência, incluindo as percepções, crenças, atenção, intenção e intuição. O Instituto mantém um compromisso com o rigor científico ao explorar fenômenos que têm sido amplamente ignorados pela ciência tradicional. Fonte: www.noetic.org/about.cfm.
[7]  Também conhecidos como campos morfogenéticos, são estruturas que se estendem no espaço-tempo e moldam a forma e o comportamento de todos os sistemas do mundo material. Fonte: galileu.globo.com/edic/91/conhecimento1.htm.
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[8] Resto do braço que foi amputado perto do ombro. Fonte: www.priberam.pt/dlpo/Default.aspx.
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[9] Vide quadro de referências do autor, item III.

[10] Referindo-se a ressonância mórfica, nas palavras de José Tadeu Arantes, disponível em www.portalalpha.com.br/LivrePensar.asp?identificacao=53.

AULA 6 - PROF. EDMILSON - RESENHA GOSWAMI (ABR/2010)

RECENSÃO CRÍTICA
Rossana Cristine Floriano Jost[1]
I.             Identificação da obra
Transcrição completa da entrevista pelo físico AMIT GOSWAMI ao programa “Roda Viva” da TV Cultura.
II.            Credenciais do autor
Amit Goswami nasceu na Índia e seu pai foi um guru brâmane. Físico e doutor em física nuclear pela Universidade de Calcutá, foi pesquisador e professor titular de física teórica da Universidade de Oregon (EUA), por 32 anos.
Após um período de crise na carreira, mudou seu foco de pesquisa para cosmologia quântica e aplicações da mecânica quântica ao problema da relação mente-corpo, onde aliou o conhecimento de tradições místicas com exploração científica, buscando unificar espiritualidade e física quântica.
Isso aconteceu, porque, quando começou a trabalhar com medições quânticas, Goswami tentou resolver tudo dentro do materialismo (foi materialista por 31 anos), muito embora já começasse a dar sinais de pensamentos sobre a natureza da consciência, além do materialismo. Desta forma, aproximou-se dos místicos, meditou, começando a entender as coisas a partir de um estado de consciência alterado. Ele aprendeu mais analisando ocorrências extraordinárias que as ordinárias.
Partindo de princípios da física quântica como o movimento descontínuo, a não-localidade e a causalidade descendente, Goswami amplia teoricamente essa visão a vários domínios da realidade.
Publicou os livros A Física da Alma, A Janela VisionáriaO Médico QuânticoO Universo Autoconsciente (aqui Goswami demonstra como a consciência cria o mundo material e que Deus será em breve, objeto da ciência e não mais da religião).
Aposentado da vida acadêmica desde 2003, dedica-se atualmente a palestras pelo mundo todo, inclusive no Brasil e Portugal, pela UNIPAZ. Ensina regularmente no Ernest Holmes Institute[2] em Houston (EUA), no Philosophical Research University[3] em Los Angeles (EUA), Pacifica[4] em Santa Barbara, Califórnia (EUA). É membro do Institute of Noetic[5] Sciences[6].
Místico com base técnica, participou do filme Quem somos nós? (What The Bleep Do We Know?), sucesso de bilheteria nos Estados Unidos.
III.           Quadro de referência do autor
Muitos são os citados em sua entrevista. Inicia falando sobre a disputa entre Einstein e Niels Böhr e a comprovação da existência de um fenômeno, somente mediante o registro do mesmo; cita Darwin e as lacunas de sua teoria da evolução; a consciência atuando objetivamente, ilustrada no trabalho de Sheldrake; Newton e sua objetividade, contrapondo-se a Willian Blake e sua forma intuitiva de entender o mundo; Jung e a psicologia transpessoal.
Igualmente cita Brian Josephson e a evolução das leis da física, bem como Nancy Cartwright e seu livro: Why do laws of Physics lie; Schrödinger e a descoberta da Mecânica Quântica, seguido por Silberman e o fenômeno do potencial de transferência.
Finaliza com Helmut Schmidt e a influência dos médiuns nos geradores de números aleatórios e Deepak Chopra e o efeito placebo.
IV.          Pressupostos e resumo da obra[7]
O teor da entrevista dá-se pelas afirmações de Amit Goswami a respeito de uma nova visão de mundo, mais espiritualista, menos materialista, divulgando seus valores espirituais e quânticos. Para ele, a função primordial da consciência é “escolher”.
O que para Descartes foi: PENSO, LOGO EXISTO, para a Física Quântica[8] é: ESCOLHO, LOGO EXISTO.
A aproximação entre ciência e espiritualidade foi a revolução que a FQ causou na física, especificamente com as questões: Movimento Descontínuo, Interconectividade Não-Local e Causalidade Descendente, inseridas nas visões de consciência, Deus e reencarnação relatadas a seguir.
Goswami inicia explicando que, para o materialismo, tudo se inicia nas partículas que criam os átomos, que criam as moléculas, que criam os neurônios, que criam o cérebro e que cria a consciência que, aqui, é considerada um objeto. A causalidade é ascendente.
Para a FQ, tudo se inicia na consciência em movimentos absolutamente descontínuos. A causalidade é descendente.
Os objetos são “ondas de possibilidades”, que podem estar em vários lugares ao mesmo tempo[9]. A forma como essas ondas se espalham é possível de ser prevista pela FQ, no entanto, como transformam a realidade concreta, não.
Os seres humanos vêem o resultado disso, ou seja, a realidade. A consciência faz o “colapso das possibilidades” para ser “algo” (salto quântico), ou seja, escolhe a realidade entre as possibilidades. Em outras palavras: a consciência (portanto, o observador) pode converter as ondas de possibilidades (objetos quânticos) em eventos reais, muito embora nenhum evento real pode ser previsto pela FQ[10] (princípio da incerteza).
Para o materialismo, a consciência depende do cérebro. Para a FQ, o cérebro depende da consciência. Sujeito e objeto estão numa mesma realidade.
Hoje existe um consenso de que nenhum fenômeno é, de fato, fenômeno se não for registrado na consciência de um observador. Essa é a base da nova ciência.
Entretanto a consciência individual do observador não causa o colapso num estado normal. É no estado anormal (consciência alterada), que passa a fazer parte da consciência cósmica e é, justamente, esta consciência cósmica que promove o colapso das ondas de possibilidades.
Há movimentos descontínuos no mundo os quais a matemática e a lógica não explicam. Todo salto quântico é descontínuo e isso vai continuar existindo, sem explicação matemática. Por isso, há espaço para o livre arbítrio, caso contrário, seria tudo muito determinista, contrariando o “princípio da incerteza” é fundamental na FQ
Para Goswami, está caindo a idéia falsa de que cientistas só trabalham com idéias racionais e matemática. Estamos começando a entender a natureza da criatividade. Eles também precisam da intuição, também dependem de visões criativas para desenvolver sua ciência. Einstein não descobriu a teoria da relatividade apenas com o pensamento racional.
E, ainda sugere que, em uma situação ambígua, devemos esperar pela intuição. Devemos perceber se há um salto quântico, se alguma resposta criativa surgirá.
O cérebro humano não é linear e processa de forma quântica as possibilidades, ao invés de trabalhar de maneira algorítmica Na criatividade, transformamos algumas fantasias em algo científico – fantasias criativas. Na nova ciência, por estarmos igualmente envolvidos com os mundos externo e interno e pelo fato de a subjetividade ter voltado à ciência.
Talvez devamos levar algumas de nossas fantasias a sério. O irreal e o real agora não estão completamente separados. São possibilidades da consciência.
Não somos seres condicionados. Há forças criativas dentro de nós. Basta aprender a agir a partir deste estado de consciência “não-ordinário”, e fazer as escolhas. “ESCOLHO, LOGO EXISTO”.
A realidade é muito mais que o espaço-tempo que o mundo em movimento faz parecer[11]. Este é o escopo fundamental para o ponto de encontro dos cientistas e dos espiritualistas.
Agora, uma compreensão de Deus: não se trata de um imperador ou um super humano. Isso tudo são estereótipos. A física clássica desconsiderava-o, de qualquer e em qualquer forma.  Para a FQ, Deus é a própria consciência cósmica.
Este tipo de Deus está retornando, pois sempre a disputa foi, de um lado, os teólogos afirmando que Deus podia intervir nos seres biológicos e, do outro, os cientistas afirmando que Deus não era necessário para a evolução natural. Porém, várias lacunas foram achadas na teoria de Darwin, chamadas “sinais de pontuação” que explicam como as espécies se adaptam a mudanças ambientais, entretanto não explicam como elas podem tornar-se outras.
Goswami conclui que não se pode explicar a teoria evolucionista apenas com a causalidade ascendente. Ele afirma: há uma intervenção da causalidade descendente; da consciência cósmica (que não é subjetiva); de Deus.
A própria dualidade: bem versus mal pode ser entendida como forças criativas versus forças do condicionamento.
Ele afirma que todas as nossas experiências aparecem após serem refletidas no espelho de nossa memória, muitas vezes. É essa memória que causa o condicionamento, ou seja, a propensão de agir ou responder a estímulos da forma como sempre fizemos. Somos seres condicionados e o condicionamento nos faz parecidos com máquinas. Ele é que nos faz esquecer a divindade que temos, a força criativa que realmente representa o que buscamos quando invocamos Deus.
Sobre reencarnação, a FQ dá uma resposta positiva. O corpo físico morre e o que resta? Se a consciência é a base do ser, então o que resta é a consciência. No modo quântico de ver as coisas, tudo são possibilidades e, algumas destas, podem morrer com o corpo físico, entretanto outras são perenes, formando uma confluência que pode viver mais tarde na vida de outra pessoa.
V.           Metodologia do autor
Experiências empíricas, meditação, sonhos e visões em estado alterado de consciência.
VI.          Conclusão do autor
Está acontecendo, em pleno “materialismo”, a transformação da ciência em si. Goswami  não tem dúvida de que, dentro desse contexto, o paradigma científico está se deslocando. Daqui a algumas décadas, o peso dos resultados das pesquisas científicas será tão decisivo que irá transformar de vez o antigo paradigma dualista: mente e corpo.
Será algo comparável à época em que se falava que a Terra, e não o Sol, era o centro do universo. Quando isso acontecer, deverá ser atingida a mente mais popular. Daí, então, a felicidade e a consciência irão receber mais atenção. Na verdade, os cientistas hoje buscam algo sem saber ao certo o que é. Mas quando isso acontecer, as pessoas procurarão em si mesmas a fonte dessa felicidade.
VII.        Quadro de referências do resenhista
Descartes, Popper, Kuhn, Sheldrake.
VIII.       Crítica e comentários do resenhista
Duas coisas me surpreendem nas palavras de Goswami: a primeira tem a ver com o “colapso das ondas de possibilidades” que, através de nossa consciência, em conjunto com o cosmos, somos capazes de trazer para nossa realidade; a segunda é o conceito de Deus, como a própria consciência cósmica, cuja existência pode encontrar-se em pistas reveladas pela ciência da física quântica.
Ao combater a perspectiva materialista da realidade (com experiência própria), oferece-nos uma outra dimensão de leitura da natureza da realidade, o que comunga com minha forma de pensar e de viver essa realidade.
No programa Roda Viva, Goswami foi questionado por pessoas que compactuavam e divergiam de suas idéias. Esses últimos solicitaram as sustentações de seu conceito de Física Quântica. Percebi algumas evasivas do cientista, bem como admitia a falta de suporte para alguns pontos serem considerados verdadeiros. Ele próprio ainda não possui essas respostas.
No entanto, a mim não colocou em dúvida a proposta maior. Quanto mais percorro esse caminho, mais percebo que “existem mais coisas entre o céu e a terra que nossa compreensão científica tradicional pode explicar”.
IX.          Indicações da obra
A todos que acreditam que a ciência não se fecha em seus limites e que há algo a mais para investigar: muitas perguntas para poucas respostas.


[1] Pedagoga com especialização em Psicologia do Trabalho (UFPR) e MBA em Marketing (IBMEC); Mestranda da FAE. rossanaflor@gmail.com.
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[2] Escola de Estudos da Consciência. Fonte: www.holmesinstitute.org/.
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[3] A Universidade de Pesquisas Filosóficas é uma organização sem fins com a finalidade de proporcionar educação relacionada ao estudo da consciência humana no contexto das disciplinas de filosofia, religião, psicologia e das ciências, oferecendo programas de Mestrado em Estudos da Consciência e da Psicologia Transformacional. Fonte: www.uprs.edu.
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[4] Instituto de Pós-graduação Pacifica credencia mestres, oferecendo programas de doutoramento enquadrados nas tradições da psicologia profunda. O Instituto estabeleceu um ambiente educacional que nutre respeito pela diversidade cultural e as diferenças individuais, e uma comunidade acadêmica que favoreça o espírito de investigação livre e aberta. Fonte: www.pacifica.edu/.
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[5] A noética (do grego nous: mente) é uma disciplina que estuda os fenômenos subjetivos da consciência, da mente, do espírito e da vida a partir do ponto de vista da ciência.Como conceito filosófico, em linhas gerais define a dimensão espiritual do homem. Fonte: Wikipédia.
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[6] O Instituto de Ciências Noéticas é uma organização sem fins lucrativos que desenvolve e patrocina pesquisas de ponta para as potencialidades e competências da consciência, incluindo as percepções, crenças, atenção, intenção e intuição. O Instituto mantém um compromisso com o rigor científico ao explorar fenômenos que têm sido amplamente ignorados pela ciência tradicional. Fonte: www.noetic.org/about.cfm.
[7] Algumas colocações foram aqui relacionadas, pela compreensão da resenhista em material complementar, a saber: entrevista de Goswami a Romeo Graciano (revista Planeta), disponível em: quesabemosnos.blogspot.com.
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[8] Doravante referenciada como FQ.
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[9] Uma partícula pode estar em diversos lugares ao mesmo tempo. (Goswami no filme= What do bleep do we know?)
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[10] Todas as coisas à nossa volta não são além do que possíveis movimento de consciência. (Goswami no filme= What do bleep do we know?)

[11] É apenas a experiência consciente que nos faz ter idéia de avançar no tempo. (Goswami no filme= What do bleep do we know?)