sábado, 6 de março de 2010

Palestra Dr. Roberto Heloani

No último dia 3 de março, tive a grata satisfação de, novamente, “ouvir” o prof. Roberto Heloani, em palestra no Sindicato dos Bancários, aqui de Curitiba. Relato aqui, minha leitura de suas palavras, sempre tão oportunas e pontuais.

Como a forma mais abrangente de pensar (e repensar) o Acosso, o Assédio Moral, sobretudo quando damo-nos conta de que não se trata mais de uma atitude individual, tão somente. É muito pior: vem da organização do trabalho.

A frenética rotina imposta pela tecnologia, com cada vez mais cobranças, sobretudo de rapidez, aprisiona o ser humano na angustiante sensação de “não dar tempo”, obrigando-o a correr cada vez mais, num ciclo desvairado de produção.

E neste cenário, não se percebe mais as questões de relacionamento humano. Sim, sim... a dignidade humana é fator esquecido neste país. A ambigüidade das relações tornou-se “moeda de troca” no mundo corporativo.

Todos nós temos como cultura de berço, o “adestramento” para o operacional. Sem exceções, infelizmente. Não fomos ensinados a pensar, a refletir. Portanto, os valores passam a ser descartáveis e, com isso, a inexistência de princípios, de ética.

O mundo corporativo premia o resultado. Desconsidera o processo. Os fins sempre justificarão os meios. É proibido refletir. É permitido assediar.........

O ser “dito” humano assedia por não refletir, por não ter valores reais. E aceita ser assediado, acossado, pelos mesmos motivos.

O Assédio Moral é uma conduta abusiva gravíssima que até pode começar numa simples brincadeira de mau gosto, muito embora esta por si só não se configure como assédio. Mas é terreno fértil para tal.

Às vezes, pequenas deixas (e que podem se transformar em hábitos coletivos) permitidas no ambiente de trabalho, cujo estereótipo é do tipo: “Aqui nosso clima é descontraído. Todo mundo brinca. Vê aquele cabeça de bagre ali? Ainda não terminou o relatório!...” podem fomentar o assédio moral. A cultura brasileira é muito permissiva a certas liberalidades.

E quando o assédio é institucional? Terrível! Uma verdadeira desestabilização emocional em massa.
Nos conflitos (tidos por muitos como saudáveis), a verdade é que ninguém quer resolver. Querem é “destruir” o oponente.

E por falar em “terrível”, o número de casos de assédio moral aumentou, inversamente proporcional ao número de denúncias do mesmo.

E, neste sentido, o prof. Heloani enfatizou muito a “ação em grupo”. Só ela legitimaria mais a denúncia.

De qualquer forma, o Assédio Moral é um problema organizacional. Se existir pelo menos um perverso na empresa, é sua obrigação neutralizar o mal. O bem de todos deve ser a tônica, indubitavelmente.

O Assédio Moral é perverso em sua própria essência. Mas que combatê-lo, é preciso promover um bom ambiente de trabalho.

Finalizando, uso novamente a sensibilidade de Nando Poeta:

“A melhor resposta é ter boa organização
Buscar a todo momento, a plena informação
Também se preciso for, fazer mobilização.

Chega de humilhação, assédio moral é crime
Não baixe sua cabeça, levante a bola do time
Com solidariedade, enfrente que lhe oprime.”

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